Sexo e ansiedade são duas palavras que – definitivamente! – não combinam. No entanto, elas tem andado cada vez mais juntas na vida sexual do brasileiro. Sabemos que a ansiedade é um estado mental e corporal comum a todos nós. Ela faz parte da nossa vida e tem um papel relevante na nossa preparação para enfrentarmos com sucesso muitas situações como uma entrevista de emprego ou uma prova. Em outros cenários, entretanto, ela não é muito bem-vinda e a cama é um desses lugares.
Quando falamos de sexo, há uma ansiedade relacionada a primeira relação sexual da nossa vida ou a primeira transa com alguém com quem nunca tivemos essa intimidade antes. Claro que é perfeitamente normal por ser uma situação totalmente nova. É aquele friozinho na barriga que pode não ser muito confortável, mas não te impede de fazer nada. E se você pensar bem, as melhores coisas da sua vida tiveram essa sensação: o primeiro beijo, o primeiro dia na faculdade, o dia da formatura, do pedido de casamento… Enfim, nessas situações estamos falando de uma ansiedade leve e tem o seu benefício de levar a uma certa preparação como comprar preservativos, preparar-se para usá-los e procurar um lugar legal para ir com a parceira ou parceiro, por exemplo. A ansiedade nessa proporção faz a gente se importar com a situação e não fazer tudo de qualquer jeito.
E quando a ansiedade na hora do sexo me atrapalha?
Quando alguém que não esteja na sua primeira transa e também com um parceiro conhecido experimenta uma ansiedade na hora H pode se deparar com uma frustração sexual. Começar o sexo com a cabeça tagarelando – “da última vez, não foi muito legal, será que dessa vez vai ser?”, “e se acontecer de novo, o que eu vou falar?”, “será que estou gorda nessa posição?” – pode ser um sinal de uma ansiedade de desempenho.
Muitos profissionais da área da sexualidade costumam dizer que o cérebro é o principal órgão sexual. Para o sexo acontecer, você não precisa só de um pênis ereto ou uma vagina lubrificada. Se a sua mente estiver muito ocupada para focar na atividade sexual e não conseguir se excitar, seu corpo também não conseguirá.
Essa ansiedade acaba sendo prejudicial porque, na hora da relação sexual, a pessoa não se envolve na transa e fica mais na cabeça, perdida em pensamentos, do que na cama com o parceiro ou parceira.
Precisamos lembrar que na excitação, os órgãos sexuais recebem muito sangue e aí então ficam intumescidos. Qualquer tipo de ansiedade, é capaz de drenar todo o sangue do pênis ou da vulva, tornando inviável uma ereção ou lubrificação.
Uma ejaculação rápida, a ereção não estar legal como gostaria ou um orgasmo que não rolou são episódios que acontecem com qualquer pessoa que tenha uma vida sexual ativa. Falamos de uma dificuldade pontual e não significa um carimbo de uma insatisfação sexual eterna. No entanto, uma dificuldade momentânea pode se transformar em um problema de longa duração devido ao efeito da ansiedade.
A ansiedade naturalmente leva a preocupações (“será que ela está gostando disso?”, “estou fazendo isso certo?”). E, obviamente, essas inquietações irão causar uma distração e, então, a pessoa não fica mais totalmente envolvida na interação sexual com seu par. Seu corpo está ali, mas sua mente está bem longe, num universo de dúvidas, cobranças e medos. Para que o sexo ocorra, corpo e mente devem estar presentes. Então, não é difícil imaginar que, numa situação assim, uma disfunção sexual ocorra. Essa disfunção eventual pode levar a pessoa a ter uma ansiedade também na próxima relação. Pronto, está feito o ciclo!
E para quem entrou, sabe que não é tão simples assim sair. Cada pessoa tenta suas táticas e estratégias, mas frequentemente, uma ajuda profissional é necessária.
Na terapia sexual, boa parte do tratamento para ejaculação precoce, disfunção erétil e dificuldade de obter orgasmo consiste em quebrar esse ciclo de ansiedade que foi construído para ser possível retomar uma vida sexual prazerosa.